![]() |
"Madonna e o Menino" - Masaccio Pintor do período do "Quattrocento" do renascimento italiano (1401-1428) |
Essa foi a pergunta que me fizeram uma vez; assim, direto ao ponto. Cursava Letras na Unioeste[1] e aguardava dentro do ônibus o retorno para Medianeira quando, logo após saber que eu era um pastor batista, uma moça me fez a pergunta: “Porque vocês odeiam Nossa Senhora?”.
A conversa que se seguiu está entre as melhores que tive sobre o assunto. Felizmente fui bem sucedido em mostrar à moça que, embora muitos evangélicos tenham uma postura equivocada e falem tolices a respeito, nós amamos a santa mulher que é reverenciada pelos católicos com muitos títulos: Mãe de Deus, Virgem Maria, Santa Maria, Nossa Senhora das Graças e – por causa de uma imagem da santa Maria aparecida em 1717 – Nossa Senhora Aparecida.
É impossível a alguém que se diga temente a Deus ter qualquer sentimento de desprezo à Maria. A própria mãe do nosso Salvador profetizou a seu respeito:
Desde agora, todas as nações me considerarão bem-aventurada. [2]
Ela fez isso pouco depois de sua prima Isabel, grávida de João Batista e possuída pelo Espírito Santo, declarar a respeito de Maria:
Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. [3]
O maravilhoso fascínio que Maria sempre despertou em todos ao longo dos séculos pelo seu insuperável exemplo de piedade, devoção, humildade e fé; levou os católicos a formularem vários dogmas que fizeram da mãe do nosso Senhor, a humilde serva de Deus,[4] a tornar-se, na doutrina católica, a Senhora e Intercessora dos homens, Mediadora de todas as graças abaixo de Deus e acima dos homens e anjos,[5] perpetuamente virgem, sem pecado,[6] sem passar pela morte,[7] a Rainha dos Céus e dos anjos, a filha predileta de Deus,[8] a “mãe de Deus”.
Aliás, esse último título de Maria – mãe de Deus – é o que mais incomoda os protestantes. Mas é um incômodo sem razão; afinal, os católicos não estão errados em defender esse título lembrando que ela é a mãe de Jesus Cristo, que é Deus. Logo, apresentá-la como mãe de Deus não deveria soar tão absurdo.
Comentando o anuncio do anjo de que Maria seria mãe do Filho do Altíssimo,[9] isto é, do Verbo que se fez carne, o padre Paulo Ricardo não erra quando diz que “isso significa que Maria, sendo virgem, não seria mãe simplesmente de um homem, mas do próprio Deus encarnado”.[10]
Então qual é o problema?
O que realmente divide católicos e protestantes quando se trata de Maria é que estes entendem que qualquer culto ou adoração que não seja a Deus (Pai, Filho e Espírito) é errada e condenada pela Bíblia. Por mais que seja santa, bem-aventurada e inestimável mãe do nosso Senhor, Maria não deve ser adorada ou cultuada porque todo culto que não seja ao Criador é tratado como idolatria na Bíblia. É por isso que a história bíblica mostra Maria – não sendo cultuada – mas se juntando aos outros no culto a Deus.
Todos eles se reuniam sempre em oração, com as mulheres, inclusive Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele – (Atos 1:14).
Jesus morreu na cruz também pelos pecados de Maria; pois ela, assim como todos os seres humanos indistintamente, também nasceu em pecado[11] e está incluída entre todos os que pecaram e que carecem da glória de Deus. [12] Então, porque não devemos rogar à Maria o perdão dos nossos pecados? Porque foi Jesus Cristo somente que morreu na cruz pelos nossos pecados, que somente pelo sangue dele são purificados. [13]
A Bíblia Sagrada também não admite que Maria seja tratada como intercessora. Esse papel é exercido pelo Espírito Santo[14] e pelo próprio Jesus Cristo, que recebe o título de nosso Advogado[15] junto ao Pai.
Sendo assim...
Maria é um extraordinário exemplo de fé. Sua devoção e submissão a Deus, mesmo diante de um mistério incompreensível, devem nos inspirar dando-nos um modelo de como viver uma vida agradável a Deus.
Maria é também a redenção das mulheres. Se Eva falhou miseravelmente no seu teste de fé[16] trazendo grave prejuízo às mulheres,[17] Maria redime-as dessa vergonha ao portar-se com excelência diante de um desafio infinitamente maior.
Imagine você participando daquela reunião de oração mencionada no começo do livro de Atos.[18] Você e vários irmãos e irmãs ajoelhados em oração. Ao seu lado está Maria, a mãe do nosso Senhor Jesus Cristo, ela está também ajoelhada, mãos postas em oração. Seu coração se aquece ao vê-la ali, orando ao seu lado, e você novamente fecha seus olhos com um desejo renovado de servir e amar a Deus com todas as suas forças, custe o que custar.
[1]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
[2]
Evangelho de Lucas 1.48
[3]
Evangelho de Lucas 1.42
[4]
Evangelho de Lucas 1.38
[5]
Academia Marial – www.a12.com/academia
[6]
Dogma da Imaculada Conceição
[7]
Dogma da Assunção de Maria
[8] Concílio Vaticano II (LG n.
53)
[9]
Evangelho de Lucas 1.32-33
[10] https://padrepauloricardo.org/blog
[11]
Salmo 51.1
[12]
Romanos 3.23
[13] 1
João 1.7
[14] Romanos
8.26
[15] 1
João 2.1
[16]
Gênesis 3.6
[17]
Gênesis 3.16
[18]
Atos 1.14